passaginha

tempo árido goteja na pedra

busco a mirada da minha infância
na malhada, vejo a tamareira
essas pedras que nos constituem foram esquecidas 
é preciso entrar nas gavetas e linhas de costura

o sertão é guardado por olhos femininos
ali é frio, podemos tomar banho de rio e lembrar o som das coisas
a casa treme quando chove
uma paisagem se constrói no reflexo
e é nela que quero morar
* trabalho apresentado na exposição individual temporal, em 2016, e publicado no livro passaginha, pela editora gris, em 2017.